Era uma vez…
Um homem alto, de voz rouca, serralheiro, trabalhador valente, cidadão do município baiano de Baixa Grande, casado e pai de dois filhos. Com nome de João Braz de Oliveira, esse senhor, meu avô, um dia deixou, em sua cidade natal, trabalho, amigos e familiares para, junto com sua esposa, minha avó Liberina Vieira Braz, acompanhar sua filha Enedite Braz da Silva e ajudá-la a realizar o seu grande sonho: ser professora. Filha muito amada, estudante empenhada e uma pessoa boa de conviver. Por essa filha e por esse sonho, qualquer sacrifício valeria fazer. Bastou a menina falar: “Um dia eu vou ser professora!”. Pronto! Malas arrumadas, destino: Feira de Santana.
Do Colégio Santanópolis ao Instituto de Educação Gastão Guimarães, no município feirense, a sua filha estudou. Era aluna aplicada, conhecida em nossa cidade como uma excelente professora de banca e “que dava jeito em criança danada” – era assim que, antigamente, as pessoas se referiam às crianças de comportamento inadequado ou de difícil convivência. A menina, que não era mais tão pequena, formou-se! Anel de pedra vermelha no dedo, sonho realizado: Enedite Braz da Silva, professora formada em Magistério!
Matemática, Português, leitura de cordel, pular corda e cruzadinha já integravam o dia a dia dessa educadora. A abordagem sociointeracionista já fazia parte do seu jeito de ser. E, como um gigante, o seu nome foi crescendo até que os próprios pais dos seus estudantes de banca lhe sugeriram a abertura de uma escola.
Para quem veio de outra cidade, encarou o exame de admissão, realizou o sonho… abrir uma escola seria a coroação de tantas conquistas. Apoiada por seus pais e seu esposo Antônio Ferreira da Silva – meu saudoso pai, que, na ocasião, lhe emprestou a casa construída recentemente, Pró Enedite, nossa Diretora Geral, fez dessa morada uma escola. E foi ali que nasceu a Meu Doce Lar. Não podemos esquecer que nos primeiros anos ocupávamos o próprio interior da residência. A Escola Meu Doce Lar iniciou com 60 alunos e um pequeno grupo de professoras. Dentre elas, a nossa querida Pró Nozinha – hoje nossa Vice-diretora, Pró Neusa, Pró Norma e tantas outras pérolas.
“mas amor não faltava lá…”
Tudo parecia não ter nada,
devido à simplicidade daquele lugar.
E, “muito, muito tempo se passou
O Meu Doce Lar adormeceu,
E para acordar mais bela ainda,
Um novo nome recebeu:
Escola João Paulo I
Que Deus do Céu abençoou!”
A Escola João Paulo I (JPI) foi fundada no dia cinco de março de mil novecentos e setenta e dois. Data de aniversário do pai de Pró Enedite, meu avô João Braz de Oliveira. Nossa escola completou 50 Anos em 2022, mas as comemorações iniciaram deste antes da data oficial. Começamos aquele ano da melhor forma possível com o Vilarejo Berçário & Creche Escola e o Tempo Integral, além das ampliações da metodologia, através da Cultura Maker, e da educação bilíngue.
Essas novidades já vinham sendo pensadas, gestadas por nós. E chegou momento de colocarmos elas em prática. O Vilarejo, localizado no bairro Santa Mônica, tem equipe preparada para realizar atividades muito específicas para público que ele atende. No Tempo Integral, criança estará na JPI no turno oposto ao que tem aula e tendo também acompanhamento pedagógico, mas sem nenhum tipo de escolarização.
O desejo de cuidar mais e melhor das infâncias motivou nossa JPI a concretizar o Vilarejo Berçário & Creche Escola, dedicado aos pequeninos de 6 meses a 1 ano e 11 meses. Já o Tempo Integral, voltado para crianças do Grupo 2 ao 5º Ano, surgiu a partir da necessidade que observamos em nossos estudantes e suas famílias de terem espaço de práticas educativas e recreativas, mas sem escolarização, no turno oposto ao que o aluno estuda.
Nossa escola recebeu ânimo novo… sopro no final de 2021. Ao sentir e viver história dos 50 anos da JPI, é impossível não oportunizá-la a mais essas duas novidades. Como já é nossa prática, tudo foi feito com muito estudo e planejamento para continuarmos escrevendo a narrativa da nossa escola por mais e mais décadas.
Comemorar mais de meio século de existência é ter oportunidade de dedicar toda vida aos colaboradores mais fiéis que nossa escola já teve: João Braz, meu avô; e Antônio Ferreira da Silva, esposo de Pró Enedite e meu pai. Hoje não os temos mais em nossa companhia, mas, com certeza, em cada geração que passar por aqui estará presente uma semente.
O nosso encontro diário, meu, Judinara Braz, e de minha irmã, Cássia Braz, com nossa mãe Enedite Braz nos garantiu um legado que queremos que seja para sempre. E é justamente esse legado que consolida a sociedade comercial que, legalmente, existe entre mim e elas. Cada uma com a sua função: Pró Judi, Diretora Pedagógica da Educação Infantil e do 1º Ano e colaboradora do setor administrativo; Pró Cássia, Diretora Pedagógica dos ensinos Fundamental I e II e responsável pelo setor administrativo; e Pró Enedite Braz, Diretora Geral. Cada uma com seu jeito e suas habilidades. Porém todas, Judinara, Cássia e Enedite, são sócias, agem como sócias, brigam e fazem as pazes como sócias. Uma experiência fantástica! O nosso legado hoje é permanecermos unidas, com nossa escola comprometida com a realidade educacional que o século XXI nos impõe.
Em uma escola com 4.800 metros quadrados de área construída, a nossa missão se renova diariamente a fim de nos fazer lembrar que, apesar da grandeza do espaço, o mais importante é a imensidão da metodologia pedagógica, a riqueza da “reengenharia” humana, a coragem de viver a nossa fé e, acima de tudo, a disposição de assumir que os nossos estudantes, crianças e adolescentes são bem-vindos por termos muito a oferecer-lhes. Vislumbrar a Universidade e uma vida feliz para os nossos alunos é a tradução desse legado. Trabalhamos rumo a um futuro que passa sempre por aqui!
Queremos mais 50 anos?
Queremos mais 100 anos! Queremos que esse legado se estenda aos nossos filhos; que os valores que acreditamos permaneçam; que os nossos professores continuem capazes de ensinar e aprender, e permaneçam ampliando suas especializações. Queremos que o nosso setor administrativo continue de excelência. Queremos que os alunos com necessidades educacionais especiais se sintam acolhidos – não porque existe uma lei para eles estarem aqui, mas porque aqui é o lugar para todos eles. Assim como queremos continuar enxergando os nossos limites e ampliando a nossa capacidade de lidar com as necessidades apresentadas por eles, respeitando-os tanto quanto respeitamos e estamos atentos a outros alunos que também são especiais para nós. A nossa responsabilidade é a de cuidar de todos que nos alcançam. Por tantos sonhos a realizar, gostaríamos que você, que está lendo este texto, continue nos ensinando a fazer a JPI, porque “Aqui todo mundo aprende!”.
Judinara Braz
Diretora Pedagógica da Educação Infantil e do 1º Ano.
Psicóloga especializada em Análise do Comportamento.
Administradora de Empresas com Habilitação em Marketing.
Autora dos livros “Sapatinho de Natal” e “Sala de Aula, a vida como ela é”.